terça-feira, 10 de março de 2009

reunião em 04/03

Nesse dia, encontraram-se (dos membros da equipe de criação do espetáculo Leve): Valéria Vicente, Maria Agrelli, Renata Pimentel, Isaar França e Luciana Raposo, para que Isaar, responsável pela concepção e gravação da trilha sonora original do espetáculo, mostrasse o seu trabalho em andamento. Foram ouvidas as músicas criadas até aquele momento e discutidas possibilidades sonoras de modificações, ritmos, alternativas de instrumentos para execução das músicas...
Na pesquisa sonora que serve de base e inspiração, algumas referências fundamentais vêm dos cantos das excelências, ou "incelenças" (a incelença é um canto designado à “despedida do morto”, entoado sempre na presença deste nos momentos finais do velório), tão tradicionais no nordeste brasileiro e, também, a poesia de autores como Fernando Pessoa.

(postado por Renata Pimentel)

sábado, 7 de março de 2009

ao longo da vida: morte

Nos séculos XVI e XVII, os teólogos católicos afirmavam que não era importante preparar os que estavam na iminência de morrer para bem aceitarem a morte, mas sim ensinar os vivos a meditarem sobre ela. De nada adiantaria confortar ou esclarecer alguém, às vésperas da morte, se tal pessoa, durante sua vida, não tivesse meditado sobre a morte. Os ensinamentos dos Evangelhos seriam a fonte para tal meditação.
Segundo Philippe Ariès (em "O Homem diante da morte" - Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1982): "o pretexto para uma meditação metafísica sobre a fragilidade da vida (...) a morte é apenas um meio de viver melhor". Ou seja, ao contrário da utópica busca de felicidade, "viver melhor" significa uma renúncia às alegrias ilusórias.
Encontramos em Chiavenato, Júlio José ("A Morte, uma abordagem sociocultural"), que surgiram vários tratados sobre como "viver melhor", nesse sentido de que nos fala Ariès. "Um deles deixava bem claro que a vida determinava uma boa morte e não o arrependimento de última hora: 'Não é razoável nem justo que cometamos tantos pecados durante toda a vida e queiramos apenas um dia ou uma única hora para chorá-los e deles nos arrepender'." (São Paulo, Moderna, 1998: 37)
Ainda nos revela Ariès, no intuito de ilustrar a importância da vida cristã, uma história atribuída a São Luís Gonzaga: este brincava com uma bola e perguntaram-lhe o que faria se soubesse que morreria brevemente. Um monge típico do seu tempo (dos que viveram entre os séculos X ao XIV) diria que se retiraria do mundo e se dedicaria à oração e à penitência, para preparar sua salvação. Já um leigo, prossegue Ariès, diria que entraria para um convento. No entanto, São Luís Gonzaga, um santo do século XVI, apenas declarou que continuaria brincando com a bola: afinal, o importante era a vida vivida."

(postado por Renata Pimentel)