quinta-feira, 30 de abril de 2009

Primeiro laboratório (07/01/2009)

Utilizando metáforas corporais, este foi o primeiro laboratório para o sentimento de perda.

Improvisação de Renata Muniz

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Nova inspiração


"Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos.
Não é hábito.
É rarissimamente que ela dói. Ninguém tem culpa.
Meu pai, minha mãe descansaram seus fardos, não existe mais o modo de eles terem seus olhos sobre mim. Mãe, ô mãe, ô pai, meu pai.
Onde estão escondidos?
É dentro de mim que eles estão.
Não fiz mausoléu pra eles, pus os dois no chão.
Nasceu lá, porque quis, um pé de saudade roxa, que abunda nos cemitérios.
Quem plantou foi o vento, a água da chuva.
Quem vai matar é o sol. Passou finados não fui lá, aniversário também não.
Pra quê, se pra chorar qualquer lugar me cabe?
É de tanto lembrá-los que eu não vou.
Ôôôô pai Ôôôô mãe
Dentro de mim eles respondem tenazes e duros
porque o zelo do espírito é sem meiguices:
Ôôôôi fia."

Adélia Prado
(Poema Esquisito)

Postado por Renata Muniz
Foto: Júlio Moraes

terça-feira, 28 de abril de 2009




Ensaio Leve - dia 21 de abril
Foto: Júlio Moraes

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A leveza de compartilhar


Ao longo dos últimos cinco meses, em que tenho participado do processo de montagem do espetáculo Leve, acompanhei as angústias e alegrias da concretização da criação artística. A partir do trabalho semanal com as criadoras-interpretes-bailarinas Maria e Renata, compartilhei um pouco desse momento tão instigante que é “criar um espetáculo”. Essa é a primeira experiência das duas, nesse tipo de empreitada, que envolve decisões não apenas do coreografar, ao qual elas já tem familiaridade, mas também o de pensar na obra como um todo, desde o tecido do figurino, a música, até o material de divulgação. Foram muitos questionamentos. Cada dia uma nova decisão a ser tomada. E no meio deste processo já tão intenso, me surpreendi com a disposição das duas em buscar um trabalho corporal experimental, alheio às formas de dançar já estabilizadas em seus corpos. Foram muitos encontros em que a sala de dança foi usada como um território livre de sensações. O corpo se transformou em um campo de investigação de sentimentos, suspiros, imagens. Não que tivesse sido fácil, muitas vezes nada fluido. Mas sempre com muita disposição, mesmo nos momentos em que a paralisia era a única resposta dada pelo corpo. Afinal, se colocar na fronteira entre uma dança pronta e outra ainda se descobrir, as vezes paralisa. E ultrapassar essa barreira é um ato de muita disposição. Do papel de “insistente de criação” que assumi, agradeço tanta disposição. E nessa reta final da montagem deixo meu registro de admiração por essas duas artistas, as quais já conhecia de outras empreitadas artísticas, mas que tive o prazer de reencontrar neste novo momento. E mesmo com tantas dúvidas a respeito da leveza do conteúdo do espetáculo, fica a certeza que esse “compartilhar a criação”, envolvendo tantos artistas novos e de diferentes áreas, é a verdadeira incorporação de Leve.

Liana Gesteira

segunda-feira, 13 de abril de 2009

VIVÊNCIA

“Qualquer tempo é tempo,
A hora mesmo da morte
É hora de nascer.
Nenhum tempo é tempo
Bastante para a ciência
De ver, rever
Tempo, contratempo
Anulam-se, mas o sonho
Resta de viver”

Carlos Drummond de Andrade
-A falta que ama

*No poema de Drummond, encontrei um pouco de Ana, Laíze, Madalena, Edna, Lia, Regina, Nilza, Luciana, Rita... E tantas outras pessoas que encontrei pelo GAAPAC e pelas minhas vivências

Uma das pesquisas para a criação do espetáculo LEVE é a visita ao GAAPAC (grupo de apoio e auto-ajuda para paciente de câncer).
Há um pouco mais de mês, eu (Maria) e a Maca (Renata) estamos indo às reuniões do GAAPAC (segunda pela manhã), para “alimentar” nossa pesquisa. A cada segunda compartilhamos novos depoimentos, lutas, vidas, perdas, conquistas...
Estes encontros estão sendo de grande importância para o espetáculo. Uma experiência maravilhosa e um grande estímulo para a criação. Estar em contato com pessoas que já estão curadas do câncer, outras que ainda estão na luta, familiares que desejam entender e saber como melhor cuidar do doente... Saber o quanto aquelas pessoas lutaram e lutam para enfrentar o medo da morte, o medo do tratamento, nos ajuda e abrem portas para melhor pensar o espetáculo. Apesar de ser difícil ouvir tantos depoimentos duros, quando saímos do GAAPAC, a semana se torna mais produtiva e cheia de novos questionamentos.
Para quem quiser conhecer melhor o GAAPAC, basta acessar o site:

http://www.gaapac.org.br/

LEVE.
Estreia dia 05 de junho de 2009
Teatro Hermilo Borba Filho.
O espetáculo ficará em temporada de sexta a domingo, nos dias:
05, 06, 07
12, 13, 14
27, 28 e 29 de junho de 2009.

(postado por Maria Agrelli)