sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sem amarras

(e assim foi, que um dia escrevi...)

a forma mais simples que me ocorre de expressar:
queria dizer com a maior precisão
sem que a metáfora abrisse mão de sua pessoal polissemia
eu queria
que se fizesse entender de múltiplo jeito
único
o que a falta de ti
em mim faz existir
uma morte devia ser fim
mas quando um se vai
ficam todos os outros
condenados a uma permanência

o que a tua ausência deixou em mim


o que a tua ausência deixou em mim
é a maior e melhor parte do que sou.

herança genética é somente razão

quero mesmo o saber de sentir,
que nem mesmo carece de explicação
apenas constata-se: é!


a forma mais simples que me ocorre de expressar:
é poder torcer a gramática
elastecer regras para caber
nelas o indizível
nelas o que não se pode medir
um diapasão que rompe os metros
um reverso de mim.

sorri de uma dor,
porque no meio há a lembrança
feliz e indecente
do dia em que aprendi:
a cada três passos meus
chegava em ti.

o abraço era a distância maior
entre a gente,
porque meu olho já te dizia:
mesmo quando fores
romperei peito e casca
crostas que nem sei ter
mas permanecerei em ti
que me levas e me deixas
te fazer seguir

(postado por Renata Pimentel)

2 comentários:

  1. que lindo, pedacinho...
    foi tu, num foi??
    eu sabia!
    lindo de vivier!!!
    a gente pode usar algumas frases do teu poema??
    :)

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  2. é meu sim, pedacinho.
    claro que vocês podem usar o que dele traduzir vocês. meu avô faz parte desse espetáculo, não é mesmo?
    ;)

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